13 setembro 2013

Corpão violão – só que não.

Nunca fui entendida de medidas - kilos, metros, centímetros, a velha frase ‘tamanho não é documento’ sempre foi bem comum pra mim. Comecei a entender um pouco sobre isso quando estava na adolescência e as minhas medidas não eram mais um padrão tão bonito como o de algumas meninas na escola. Sofri? Não, eu tinha amigos e amigas, eu tinha meu jeito de aceitar e seguir em frente, e realmente acho que comida traz muita felicidade e como diz minha xará Bruna Vieira “Comida e bunda grande não é problema, gente. É solução.”.

Cresci, tive fases e fases. A aula de educação física gerava minha pior nota no boletim (sim! a pior nota) não era uma grande decepção, mas era a mais baixa... Mas tentei, como de praxe não desisto fácil. Pratiquei vôlei, mas mandava literalmente bolas pra fora, e em um momento único e inesquecível na minha vida acertei - juro! Sem querer! - uma bolada na cabeça da treinadora, a qual era muito braba e dizia carinhosamente pra minha mãe que eu era cheinha. Também fiz aulas de dança, dos esportes eu acho que foi o mais divertido, apesar de um pouco sem coordenação eu achava legal. Já da academia guardei a memória mais chata do esporte. Eu realmente não gosto daquele lugar onde os musculosos viciados em academia muitas vezes parecem que só estão lá pra mostrar pros gordinhos da vida, como eu, o quanto eles são malhados e gostosos, aliás, eu me irrito profundamente com todo mundo que fala demais em academia, que só tem esse assunto, e que só sabe mostrar como é perfeito e não sai da dieta nem no final de semana. FODA-SE se você acha delicioso o brigadeiro falso que é feito com banana esmagada. Fiz outros esportes também, mas meu amor por eles foi tão grande que nem lembro.


A cheinha cresceu, comendo muito bem obrigada, sedentária de boa, não sofri bullying, preconceito ou qualquer coisa dessas. Mas com o tempo, o ambiente muda, as pessoas mudam, não é mais escola e brincadeiras, é balada, faculdade... Eu me senti diferente dos outros nestes lugares? Sim, senti muito, aliás! Mas ser diferente é normal né?! O que realmente me tocou foi a insegurança. Sempre fui dona das minhas verdades, dona de si. Mas naquela fase de transição adolescente – adulto, novas experiências, novos ambientes, novas pessoas, eu conheci uma pessoa que aguçou a insegurança lá dentro de mim. Por algum tempo o meu muro virou uma parede de gelo prestes a derreter a qualquer momento.  E pela primeira vez eu queria ser magra, queria ter aquele padrão da sociedade, queria mostrar que eu também podia. E em meio a muitas metas que eu me impus, no ano da formatura eu decidi: 1 Só aceitaria a nota DEZ na monografia; 2 Me esforçaria para ser oradora da turma; 3 Emagreceria e usaria vestido colorido na formatura (sempre usei muita roupa preta devido aos kilinhos a mais).

Metas cumpridas, e a minha felicidade exalava, talvez até hoje muitos se perguntem como eu chorava tanto na minha formatura, talvez naquele momento pela primeira vez eu estivesse me sentindo 200% feliz. Só quem consegue atingir todas as metas que se impõem sabe o quanto é prazeroso cumpri-las. Eu emagreci muito! Muito mesmo, pra quem me conheceu antes e depois foi algo de outro mundo, emagreci só com educação alimentar, continuo não gostando de esportes. Mas passando as conquistas, e a parte ruim de ter diminuído todos aqueles números? Sim tem parte ruim em emagrecer. E aí vão elas: eu não passava muito tempo na mesa com a minha família, o prazer de comer sem pensar nas calorias não existia, algumas pessoas diziam que eu estava doente, outras me comparavam a aidéticos, e eu escutei inúmeras vezes comentários “cuidado pro vento não te levar” e realmente quando a ventania estava forte, algumas vezes, eu senti um empurrãozinho do minuano (hahahaha). Ahh! E a pessoa que causou a minha insegurança? Não estava comigo na formatura, não estava comigo durante o processo, não esteve comigo depois, não está comigo hoje, e talvez ele só tenha passado por mim pra me ensinar que a minha força interna é maior que tudo, e que eu sou aquilo que eu quero.

E uma relação com medidas virou um aprendizado de alma, então obrigada à pessoa que me deixou insegura pela primeira vez, de verdade – OBRIGADA! Com todo esse processo penso que aprendi a me gostar mais, aprendi os meus limites, aprendi que tem dias que enfiar o pé na jaca faz parte, porém em prol da minha saúde isso não pode ser sempre. E principalmente, aprendi que eu só importo 100% pra mim mesma, que eu tenho que me querer a cima de tudo e todos, e não!! Isso não é egoísmo.  Quando você morre as pessoas ficam tristes, podem ficar depressivas com a sua falta, e até ficar doente com a ausência, mas quem morreu primeiro e causou todo o resto foi você, viu porque é importante se cuidar, se amar, se querer bem?

Hoje eu já ganhei vários kilos, números, coxa e bunda de novo. Não tenho mais aparência de doente e nem medo do “vento me levar”. Se estou feliz? Ainda não, acho que diminuir um número será minha meta até o final do ano, adoro metas, hahahaha.

Ah, vou focar nos metros e centímetros também, aprender a fazer ‘baliza’ pode ser outra meta, os estacionamentos estão saindo caros demais.

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